segunda-feira, 29 de abril de 2013


"Andarilho"


Não me lembro mais quando foi,
mas em um domingo desses, resolvi entrar numa igreja para assistir à missa.

Depois de muito tempo esperando, foi que me dei conta de que
estava no lugar errado - Era um templo protestante.

Ia sair, mas o pastor começou o sermão,
achei que seria indelicado levantar-me - e
isso foi uma bênção,
porque naquele dia escutei coisas que precisava muito ouvir.
O pastor disse algo como:
"Em todas as línguas do mundo existe um mesmo ditado:

O que os olhos não vêem, o coração não sente.

Pois eu afirmo que não há nada mais falso do que isso; quanto mais
longe, mais perto do coração estão os sentimentos que procuramos sufocar e esquecer.

"Se estamos em Exílio, queremos guardar cada pequena lembrança de nossa raízes, se estamos distante da pessoa amada, cada pessoa que passa pela rua nos faz lembrar dela"

"Os Evangelhos e todas os textos sagrados de todas as religiões foram escritos no exílio, em busca da compreensão de Deus, da fé que movia os povos distantes, da peregrinação das almas errantes pela face da terra.
Não sabiam os nosso antepassados, tampouco nós sabemos que a divindade espera de nossas vidas.
É nesse momento que os livros são escritos, os quadros pintados, por que não queremos e não podemos esquecer quem somos.....

(Fragmento do Livro "Onze Minutos")


terça-feira, 26 de março de 2013

Mal da Alma.


Era uma vez um pássaro.

Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes,
coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar
quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo
com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de
emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia.
Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a
mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja,
inveja da capacidade de voar do pássaro.

E sentiu-se sozinha.
E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não
mais partirá."
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha,
e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava
para suas amigas, que comentavam:
Mas você é uma pessoa que tem tudo."
Entretanto, uma
estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava
conquistá- lo, foi perdendo o interesse.
O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de
sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais
atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele.

Mas não se lembrava da gaiola, recordava apestas o dia em que o vira pela primeira vez,
voando contente entre as nuvens.

Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no
pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta.

"Por que você veio perguntou à morte.
"Para que você possa voar de novo com ele nos céus'; respondeu a morte. "Se o
tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais, - entretanto,
agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."


Trecho retirado do Livro Onze Minutos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"Monologo"


Sei que textos engraçados são mais interessantes de ler, mas, hoje não me encontro nesse "Plano"


"Monologo"


Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. 

É mentira: A liberdade só existe quando ele está presente. 

Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama o máximo.
E quem ama o máximo sente-se livre.

Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem "tanto" sentido.

Espero que ninguém me faça sofrer.

Mas, que bobagem é essa que estou pensando? 


No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro
por isso.

Já me senti ferido quando perdi.

Hoje estou convencido de que ninguém perde ninguém,
porque ninguém possui ninguém.

Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo,
sem possuí- la.


(Plagiado do Livro que estou lendo) # 11Minutos